domingo, 30 de novembro de 2008

Fundo Padrão: exposição de Michal Kirschbaum

Foto: A artista Michal Kirschbaum e trabalho com serigrafia em azulejo.  (Divulgação)

Fundo Padrão é a última exposição da Galeria de Arte da UFSC em 2008

A última realização da Galeria de Arte da UFSC em 2008 traz a exposição “Fundo Padrão”, da jovem artista israelense naturalizada brasileira Michal Kirschbaum. 

Visitação: de 2 a 18 dezembro 2008 e de 09 a 20 fevereiro 2009

A mostra procura apresentar as possibilidades de re-significação da relação homem-espaço, através de pinturas, esculturas e fotografias. “Fundo Padrão” terá sua abertura no dia 2 de dezembro, com a presença da artista, ficando em cartaz até o dia 18/12. Com o recesso escolar, reabre no dia 9 de fevereiro, e permanece aberta para visitação até o dia 20 do mesmo mês. A entrada é gratuita e aberta à comunidade. O horário de visitação é de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h30.

A artista e as obras

Michal Kirschbaum é artista visual. Nasceu em Jerusalém no ano de 1978, e iniciou seus estudos na área ao cursar 2 anos (1998 e 1999) de Artes Plásticas na Escola Nacional de Belas Artes Prilidiano Pueyrredon, do Instituto Universitário Nacional del Arte (IUNA) e Desenho Gráfico na Universidade de Buenos Aires (UBA), ambas na capital argentina. Obteve bacharelado em 2006, já no Brasil, em Artes Visuais (com ênfase em Desenho) pelo Instituto de Artes da UFRGS, Porto Alegre. Atualmente, cursa Artes Plásticas (licenciatura) na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), e trabalha com fotografia, serigrafia, desenho e pintura.

Michal Kirschbaum já participou de 13 mostras coletivas, a maioria em Porto Alegre e Buenos Aires, e foi uma das vencedoras do concurso de fotografia da UDESC/ 2008 além de ter obtido uma menção honrosa. Em 2007 teve uma exposição coletiva da qual participou indicada ao Prêmio Açorianos de Artes Visuais com a mostra fotográfica SobreImagem, realizada em Porto Alegre. “Fundo Padrão” é a primeira exposição individual da artista.

A seleção de obras para a exposição procura abordar e ressignificar elementos cotidianos, através de pinturas em acrílico, serigrafias e fotografias, como em obras onde reinventa a percepção sobre os objetos, através de colagens, recortes, aproximações e inserções de outros elementos. As obras, produzidas entre 2005 e 2008, remetem ao indivíduo e suas relações com o espaço e os objetos, aproximando-o do íntimo, do subjetivo, em contraste com estes objetos que pertencem a um padrão cultural, estabelece assim relações entre o que é íntimo, próprio do corpo, e sua relação com suportes que são objetos convencionais. Para isso a artista se utiliza de peças de jogos infantis até fios de ortodontia, blocos de jornais e fios de cabelo.

Na exposição, o público poderá manipular os trabalhos Contém/Contido/Contém, feitos pela artista com serigrafias em azulejo.

A Galeria de Arte da UFSC faz parte do Departamento Artístico Cultural – DAC, vinculado à Secretaria de Cultura e Arte da UFSC.


SERVIÇO:

O QUE: Exposição “Fundo Padrão”, de Michal Kirschbaum
ONDE: Galeria de Arte da UFSC, prédio do Centro de Convivência
QUANDO: Abertura, com a presença da artista, no dia 2 de dezembro de 2008, terça-feira, às 18h30. Visitação: até 18 de dezembro. Reabre dia 9 de fevereiro de 2009 e fica em cartaz até o 20/02. De segunda a sexta-feira, das 10 às 18h30. 
QUANTO: Gratuito e aberto à comunidade
CONTATO: www.dac.ufsc.br - Galeria: (48) 3721-9683 ou galeriadearte@dac.ufsc.br


Fonte: Gustavo Bonfiglioli, Acadêmico de Jornalismo, Assessoria de Imprensa DAC: SECARTE: UFSC.

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FUNDO PADRÃO, por Michal Kirschbaum

Trata-se com certeza, de superfícies e da obsessão de interferir nelas. Além de se referir ao espaço e territórios reais, Fundo Padrão refere-se a espaços conceituais e imaginativos, pessoais e coletivos. Como um caldo que participa na gênese de nossa pessoalidade e da construção de nossas paisagens, reais e imaginárias, ele compõe nosso sensível e é razão de constantes conflitos pela busca e encontro contínuo de novas relações com o mundo: experiências essas que ocasionam uma reconstrução de nossas bases, recriando novamente nossas paisagens, num ciclo de sensações reflexões e interações: movimento da vida e da transformação.

Deleuze em Pintura: el concepto de diagrama, 2007 coloca que a superfície branca é cheia de tudo, cheia do mundo que nos pertence, assim entende-se o suporte como um espaço já com significados anteriores ao ato artístico, sendo este ou outros suportes de linguagens um espaço que muito contém e no qual pode ser inserida a idéia de Fundo Padrão. Assim, de encontro à relação do cheio e do vazio, insisto em colocar que o vazio é sim um espaço cheio, assim como nos lembra Benedetti no poema Ese Gran Simulacro, 1955, que o esquecimento está muito cheio de memória.

O trabalho sobre o suporte, qualquer que seja, consiste então em sistemáticos abandonos e escolhas desse fundo que nos compõe. O fundo, não é um padrão homogêneo, conta sim com a repetição dos vícios dos costumes e dos lugares comuns nos quais o artista busca desconstruir à procura de novas percepções.

Perfurar, arranhar, de forma a querer ultrapassar a superfície a embalar; Criar camadas, de forma a esconder ou velar uma superfície anterior, unindo-se a ela mas também modificando-a são atos próprios da prática do desenho e da pintura, respectivamente. Este fazer é proposto aqui inclusive fora da situação tradicional dessas linguagens, com outros suportes e materiais, com o intuito de ressignificar assim os objetos e o próprio fazer da pintura e do desenho, na busca de novas reflexões por deslocamentos e aproximações.

Temas que passam pelo indivíduo solitário, em relação com os objetos e o espaço nos seus caminhos diários apresentam-se aqui nesta exposição sem necessariamente apresentar este indivíduo. As obras compõem uma seleção de trabalhos produzidos no período de 2005 a 2008.

Padrões próprios de papeis de parede de interiores aparecem em algumas obras, como em Pequeno Arquiteto, 2007, onde peças deste jogo infantil são embaladas por papel de parede, padrão utilizado em decoração no interior de casas, que simula imagens e cores para o conforto do lar, sendo aqui utilizados na própria construção de casa num universo infantil.

“Ulcerações de cor”, 2008 é um trabalho no qual foram utilizados jornais empilhados como suporte plástico, de forma a obter-se um bloco. A partir de recortes retiro pedaços de papel, de forma a perfurar este bloco informacional e crio nichos que foram preenchidos parcialmente com pigmentos de cor. É feito assim um depósito de cor em substituição ao padrão informacional, entidades cor, quase espirituais, se inserem em um espaço de poucos devaneios.


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