Faleceu, em decorrência de um câncer, nesta segunda-feira, dia 11/07, aos 71 anos, o maestro e compositor José Acácio Santana, ex-regente do Coral da UFSC, ao qual dedicou 33 anos de sua vida, de 1963 a 1996.
O corpo será velado em São Pedro de Alcântara onde será celebrada uma missa de corpo presente, marcada para amanhã, às 09 horas, na igreja. O sepultamento será no cemitério dessa mesma cidade.
O corpo será velado em São Pedro de Alcântara onde será celebrada uma missa de corpo presente, marcada para amanhã, às 09 horas, na igreja. O sepultamento será no cemitério dessa mesma cidade.
Ao realizar o seu trabalho, maestro Acácio tinha convicção que cumpria o que sempre acreditou ser a sua missão — e nisto tinha prazer: dedicar sua vida a serviço do som e da palavra, à evangelização pela música.
“Levei um punhado de flores para a ceia,
Iluminei meus olhos num castiçal de areia.
Queimei minhas mãos na cera das velas,
Incendiei meu sonho na luz das estrelas.”
José Acácio Santana: maestro, compositor, poeta e professor, aos 7 anos de idade iniciou os estudos de canto e órgão em São Pedro de Alcântara, cidade onde nasceu, distante cerca de 30 quilômetros de Florianópolis.
Nos Seminários estudou Música, Instrumentos e Canto Orfeônico, paralelamente aos estudos das demais disciplinas.
Em Curitiba, no Instituto Rainha dos Apóstolos e na Universidade Federal do Paraná, estudou os cursos superiores de Regência, Composição, Piano e História da Música.
Recebeu aulas particulares dos seguintes mestres: Fúrio Franceschini, Rodrigo Hermann, José Penalva e Joanídia Sodré.
Possuía as seguintes especializações: Técnica Vocal, Música na Pré-História, Folclore Musical, Filosofia da Arte, Psicologia Musical, Crítica Musical, Didática do Canto e da Música, Apreciação Musical, Musicografia, Musicoterapia, Música Sacra e Litúrgica, Regência, Composição, Interpretação, Antropologia Coral, Expressão Corporal e Dinâmica Musical.
Seu legado inclui a produção de mais de três mil obras, indo da canção infantil até o oratório e a ópera, passando por todos os gêneros da música vocal. Pesquisou e publicou as principais raízes musicais açorianas, italianas, e alemãs, em Santa Catarina ; pesquisou a evolução do Canto Coral em Santa Catarina ; e pesquisou o folclore musical brasileiro, de maneira geral. Foi autor do hino oficial de dezenas de municípios e instituições, dentre elas a Universidade Federal de Santa Catarina. Também a “Canção dos Formandos” da UFSC é de sua autoria.
Pioneiro no Brasil nas composições litúrgicas pós Concílio Vaticano II, conseguia unidade musical e literária em suas composições, onde convivem harmoniosamente o poeta e o músico.
Foi regente do Coral da UFSC por 33 anos, praticamente desde a sua criação — o coral foi criado em 09 de janeiro de 1963. O então padre Agostinho Stähelin, primeiro regente do grupo, coordenou o coral nos seus primeiros meses de vida.
Durante muitos anos, nas mais distantes regiões de Santa Catarina ministrava cursos e palestras para corais da comunidade. Muitos desses eventos eram coroados com a apresentação do Coral da UFSC, e sempre que possível, em apresentações de trocas de experiências com os corais das comunidades visitadas.
Com expressiva atuação no movimento coral catarinense e brasileiro, o Coral da UFSC, sob a regência do maestro Santana, apresentou oratórios, de sua autoria, e gravou especiais para a televisão; atuou como coral piloto incentivando a criação de dezenas de corais no Estado; realizou inúmeros concertos de extensão universitária.
Sob sua regência, o Coral da UFSC atuou como coral piloto, dentre mais de 40 corais do Estado, quando da vinda do papa João Paulo II a Santa Catarina, em outubro de 1991, para a beatificação de Madre Paulina. E em 1994, em turnê europeia, o coral realizou apresentações em Portugal (incluindo os Açores), Espanha (Santiago de Compostela), França, Alemanha e Vaticano, aqui, em cerimônia presidida pelo papa na Praça de São Pedro. Um repertório variado de músicas eruditas e populares mostrou com sucesso a atuação do grupo catarinense.
Gravou diversos LPs e CDs, tanto com o Coral da UFSC quanto com outros corais de Santa Catarina dos quais também atuou como regente.
Por sua atuação na área cultural recebeu grandes homenagens, entre elas “Medalha do Mérito Coral Brasileiro”, “Mérito Cultural da Universidade Federal de Santa Catarina”, “Medalha do Mérito Anita Garibaldi”, “Batuta de Ouro”, “Cidadão Honorário” de mais de 30 municípios brasileiros.
Em sua homenagem, a Assembléia Legislativa do Estado escolheu a data do seu nascimento, 19 de outubro, como o Dia do Coralista em Santa Catarina.
Dizia que “Coral é a arte de crescer junto”, e ao final dos seus rigorosos e prazerosos ensaios na Igrejinha da UFSC, depois de eventuais broncas didáticas, entre sonoros acordes ao piano e músicas do repertório, sempre tinha uma palavra-canção de incentivo aos coralistas.
“Se eu me perder um dia, não repares.
Eu me perdi na luz dos teus olhares,
E achei-me na canção.
Minha canção tornou-se a tua imagem,
E minha vida é como uma viagem
Na tua direção.”
Por: Clóvis Werner ex-coralista do Coral da UFSC – Departamento Artístico Cultural (DAC): SECARTE: UFSC.
Foto: Maestro Acácio e o Coral da UFSC - inauguração do prédio da Editora da UFSC : 13/10/1991, foto de Mário Teixeira, Acervo Agecom (UFSC).
Notícia publicada em 11.07.2011-13h55 e atualizada em 11.07.2011-23h55 e reatualizada em 26.04.2013-12h49